Segundo o dicionário, “sonho” é definido como “conjunto de pensamentos, imagens, ideias e fantasias que se experimenta enquanto se dorme”; por extensão seria “ideal ou ideia dominante que se persegue com interesse e paixão”; e, no sentido figurado, “desejo vivo, intenso, veemente e constante” (MICHAELIS). É nestes dois últimos sentidos que queremos abordar o conceito de sonho.
A Bíblia diz que a profecia de Joel se cumpriu por ocasião do Pentecostes: “... Isto é o que foi predito pelo profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos’...” (Atos 2:16-17). Obviamente naquele momento ninguém estava sonhando porque não estavam dormindo. Trata-se de uma das manifestações do Espírito que aconteceriam a partir de então. A palavra “sonhos” no texto (grego) significa “ter sonhos ou visões divinamente inspirados”. Embora seja mais provável que o texto se refira aos sonhos enquanto se dorme, podemos, sim, ter sonhos (ideias dominantes que se persegue; desejos vivos, intensos, veementes e constantes) divinamente inspirados!
Quando um filho nasce, nasce um sonho
É fato que, quando recebemos o impacto do evangelho e somos cheios do Espírito Santo, nasce uma nova perspectiva de vida. Jesus veio nos oferecer vida plena (João 10:10), que implica sentido e propósito. Podemos muito bem substituir a palavra “sonho” por “propósito”. Ao renascermos em Cristo as escamas dos nossos olhos caem e passamos a entender que não estamos neste mundo apenas para respirar, consumir e sujar, mas para cumprir um chamado, preencher uma lacuna, resolver um problema.
Sonhos nascem com o novo nascimento. Nascer de novo não é sobre qualidade de vida ou frequência a uma instituição religiosa, mas sobre um plano, um projeto, uma missão. Pelo poder do Espírito Santo nos tornamos nova criação (II Coríntios 5:17), que contrasta com nossa vida passada, egoísta, exclusivista e autocentrada. Os filhos de Deus não foram chamados apenas para o céu, mas para o Reino. O Reino tem um Rei e o Rei tem um plano!
Quando alguém descobre esse Reino, ele se apaixona: “O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo” (Mateus 13:44). Quem encontra o Reino, se entusiasma de tal forma que renuncia tudo para colocar toda a sua vida nele. Paulo afirmou: “Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo” (Filipenses 3:8).
A mulher samaritana era a mais improvável para mudar a história de uma cidade. Depois da conversa com Jesus ela não apenas agradeceu pela água da vida que recebeu, mas, cheia de empolgação, fascinada por Jesus e pela descoberta que fez, até esqueceu do que tinha ido fazer: “Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo: ‘Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo?’” (João 4:28-29). Quantas pessoas em depressão ela deve ter ajudado! Quanta gente encontrou a água para a sua sede existencial!
Quando nasce um sonho, nasce uma solução
Ser salvo é nascer de novo, o que significa ser um discípulo, um aprendiz; que, por sua vez, tem como condição tomar a cruz, morrer para si mesmo. Os que tomaram a sua cruz desistiram de si mesmos, dos seus projetos e ambições próprias, e se entregaram sem reservas por uma causa, um sonho, um empreendimento!
O que fez com que os primeiros discípulos largassem tudo para seguir Jesus? E o que fez com que eles continuassem, mesmo depois de verem o que fizeram com Seu Mestre? Foi um sonho, um projeto de vida, uma causa, uma santa ambição. Essa ambição estava no próprio nome do Mestre: Jesus (Deus é salvação).
Quando João Batista estava batizando no Jordão, em certo momento, ao ver Jesus disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Mas, na sequência, o texto diz: “No dia seguinte João estava ali novamente com dois dos seus discípulos. Quando viu Jesus passando, disse: ‘Vejam! É o Cordeiro de Deus!’ Ouvindo-o dizer isso, os dois discípulos seguiram a Jesus” (João 1:35-37). Aqueles dois discípulos (André e, provavelmente, João) ficaram tão impressionados e tão interessados em conhecê-Lo que começaram a persegui-Lo. Jesus, percebendo que estava sendo seguido, perguntou: “... O que vocês querem?” (João 1:38). Eles não queriam cura, bênção, uma oração forte, prosperidade, nada disso. Simplesmente: “Rabi, (que significa Mestre), onde estás hospedado?”. Passaram o restante do dia na casa de Jesus conversando com Ele. Aquela conversa com o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo foi fascinante. Eles se encheram de entusiasmo e se uniram a Jesus para resolver o maior problema da humanidade, a raiz de todos os males: o Pecado!
Qual problema você veio resolver neste mundo, para contribuir com a solução do Problema que assola o mundo inteiro?