(Mateus 7:24-29)
No Sermão do Monte a doutrina de Jesus foi condensada. Muitos a ouviam e ficavam maravilhados, mas outros a praticavam. Existe um grande abismo entre a audição e a prática, assim como existe um grande abismo entre a fé e a emoção. A fé (convicção) está no coração, espírito; e o sentimento (emoção) está na alma.
Nossa vontade (sentimento) está no nível da alma, mas nosso querer (fé) está no nosso espírito, porquanto não somos alma, somos espírito. Vontade é passageira, querer é constante. Quando alguém é tocado pela palavra em seu espírito, este recebe o querer de Deus, a Sua natureza, pelo Seu Espírito. Os que ouvem as palavras de Jesus geralmente ficam emocionados (maravilhados), e isso é muito normal. O problema é quando estacionam no nível da emoção, ficam presos ao emocionalismo, e não vão além, para o nível da fé! Mudam seu sistemas de crenças e não de valores.
A casa construída sobre o sentimento
A casa são os nossos valores de vida e a rocha são os princípios da palavra, os ensinos de Jesus. Os que ouvem e não praticam são comparados a um homem que construiu sua casa sobre a areia (sentimentos). Sentimentos vão e vêm, mudam o tempo todo. O sistema maligno, especialmente hoje, por conta do subjetivismo generalizado, dá uma importância exacerbada ao sentimento. É o sentimentalismo aflorando novamente.
Jesus chamou essas pessoas de insensatas, porque suas “casas” (vida) não se sustentarão diante dos conflitos da vida. O foco delas está apenas no exterior, na beleza, no sucesso momentâneo. Parecem muito cheias de fé, aparentemente crescem rápido aos olhos de todos; passam uma imagem positiva, porém são motivados apenas pelas circunstâncias favoráveis. Não contam que as tragédias, perdas, catástrofes, decepções, enfermidades, traições, rejeições, enfim, as tempestades continuarão acontecendo.
As pessoas movidas pelos sentimentos não estão dispostas à dor da renúncia às suas vontades que a obediência exige. Elas querem se sentir bem, ou pelo menos não se sentirem desconfortáveis. Acham que se aprofundar em Deus é se aprofundar no conhecimento da palavra e não na obediência. Obediência opera pela fé, que é a certeza de que Deus e Sua palavra estão sempre certos e são imutáveis, o que é suficiente para suplantar todo sentimento e vontade própria.
O comportamento fundamentado no sentimento tem prazo de validade. É só uma questão de tempo, um dia a casa cai! Isso explica o grande número de pessoas que não têm firmeza, não sabem administrar conflitos, são vulneráveis, inconstantes, volúveis...
A casa construída sobre a fé
Mas aquele que ouve e pratica (obedece) vai além da emoção. Segundo Jesus, é semelhante a um homem prudente, inteligente, que construiu a sua casa sobre a rocha. Ele sabe que a vida tem suas tempestades e que seu futuro não está isento de sinistros. Por isso, seu foco está no fundamento, os princípios. O fundamento de uma casa fica escondido, ninguém vê, mas é a parte mais importante.
O inteligente não espera ter vontade para fazer algo que Deus mandou fazer e não espera não ter vontade para não fazer o que Deus não mandou fazer. Ele obedece, e pronto! Não fica argumentando ou tentando achar justificativas para aliviar a sua consciência dizendo “não é bem assim”, “tenho minhas razões”, “você não me entende”...
Quem constrói a sua vida na Palavra não está preocupado em se mostrar, ficar bem na foto, não precisa se autoafirmar. É na palavra que ele fundamenta seus valores e práticas. Quem muda valores, muda sua maneira de pensar, tem personalidade e fé. Ao chegarem as oposições, os ventos da vida, as turbulências e aflições comuns a todo ser humano, como também os conflitos de relacionamentos, tal pessoa não se abala. Seu ânimo e alegria não estão firmados nas impressões e influências externas, mas na fé.
Fé gera prática e prática gera autoridade
As multidões ficavam maravilhadas com o ensino de Jesus. Era um ensino diferente porque ensinava com autoridade. Ele não ensinava como os mestres da Lei, que eram apenas teólogos, se esmeravam no conhecimento, mas não o colocavam em prática.
O texto diz o motivo pelo qual as multidões ficavam maravilhadas: autoridade. Jesus não pregava o que as pessoas queriam ouvir, mas o que elas precisavam. Ainda assim eram atraídas. Autoridade é conquistada, nasce num coração obediente, coerente com o que diz. Quando o mensageiro fica desacreditado, a mensagem perde a força.
As multidões serão atraídas pela palavra transmitida com autoridade e não meramente pela palavra. O avivamento nascerá de um povo saudável e autêntico, cuja palavra na sua boca fará proezas e converterá as multidões ao Senhor do Universo.