Quem tem propósito é proposital. Quem não tem propósito atira para todos os lados, sem alvo, sem direção e, pior, sem motivação. O apóstolo Paulo disse: “Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar…” (1 Coríntios 9:26). Você tem objetivos? Você sabe qual o propósito de vida ao ter sido resgatado?
A palavra “influência” é definida como “ação de um agente físico sobre alguém ou alguma coisa, suscitando-lhe modificações” (Oxford). Jesus disse: "Vocês são o sal da terra… Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mateus 5:13,14). Fomos chamados por Jesus para influenciar, mudar o mundo, gerar mudanças, suscitar modificações!
Só o diferente faz a diferença
No entanto, a condição básica para ser influência e gerar mudanças é ser diferente. Não faz sentido um igual querer influenciar outro igual. A razão da influência é a diferença. O cristão nominal, infelizmente, vive exatamente igual a um não cristão. Ele só tem algumas práticas religiosas, mas os valores são os mesmos, o caráter é igual.
Portanto, que tipo de influência pode-se esperar de um cristão? Se o seu propósito de vida é encher a terra de filhos cheios da glória de Deus, trata-se de transferir a glória que está dentro dele pela ação do Espírito Santo que nele habita. Essa glória é o caráter, a essência de Deus. Assim, a influência que gera modificações é no caráter, de dentro para fora e não de fora para dentro! Não é no intelecto, é no coração, no nível do espírito.
Se este é o nosso nível de influência, então o caráter de Cristo deve ser predominante e visível em nossas vidas, de tal forma que se possa perceber claramente a diferença. É como quando se coloca água e óleo num mesmo recipiente, eles não se misturam. Isso é o que a Bíblia chama de santidade, que significa “separação”. Não se trata de se separar de pessoas, mas das associações com as suas práticas amoldadas ao sistema maligno. Jesus disse: “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo… Eles não são do mundo, como eu também não sou” (João 17:11, 16).
Só quem já foi separado é que pode exercer o resgate. A mentalidade do cristão é antagônica à do mundo (Romanos 12:1-2). Ao se entregar a Deus como sacrifício vivo e santo, ele não se conforma com o mundo, não se amolda à forma, ao molde, que o mundo impõe. Embora esta deva ser a lógica, é triste constatar que muitos que se confessam cristãos agem exatamente como não cristãos. Estes não podem influenciar!
Influenciar ou ser influenciado
Por outro lado, influência não se dá por osmose. Não é a nossa simples presença que gera influência. É preciso intencionalidade, ação. Implica fazer alguma coisa que possa gerar mudanças em pessoas e, por consequência, no meio onde estamos inseridos. Influência não admite passividade, ou mesmo neutralidade. Nada é neutro em nenhum segmento da sociedade. Todas as palavras e ações têm uma cosmovisão e uma filosofia por trás, que influenciam as pessoas e as culturas. Por isso, quem se neutraliza é influenciado. Ou somos agentes de mudança, ou os agentes deste mundo nos mudam. Os que permanecem neutros, aos poucos, sutilmente, vão sendo conformados.
É comprovado por experiências que um sapo colocado em um recipiente, com a mesma água de sua lagoa, fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz! No entanto, outro sapo, jogado nesse mesmo recipiente já com água fervendo, salta, imediatamente, para fora, meio chamuscado, porém, vivo! Quando reagimos ao sistema, certamente nos queimamos, mas saímos vivos. Porém, quando vamos nos acostumando com a “temperatura” do mundo, morremos aos poucos.
A história de Daniel nos inspira. Ele foi um dos exilados judeus enviados para Babilônia quando Jerusalém foi destruída. Daniel estava num ambiente totalmente hostil e desfavorável, no entanto, não ficou estático, neutro, logo se posicionou e não comeu a comida oferecida pelo rei. Babilônia representa o sistema do mundo. Daniel estava lá, mas não era de lá, tinha um espírito excelente: “Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas…” (Daniel 5:12 - ARC); “Ora, Daniel se destacou tanto entre os supervisores e os sátrapas por suas grandes qualidades, que o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo o império” (Daniel 6:3 - NVI).
Influenciar, portanto, é mais do que apenas ser diferente, é ser proativo e, ao mesmo tempo, reativo. É ter postura e se pronunciar, é ter coragem para dizer não ao pecado, à quebra de princípios, ter coragem para se expor e romper com a timidez e o medo numa sociedade que não reconhece mais o óbvio nem para o bem nem para o mal.
Quando Jesus falou sobre sermos a luz do mundo, Ele completou: “... Para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus" (Mateus 5:16). As pessoas só poderão ver se nos posicionarmos em favor delas fazendo algo. E, para isso, precisamos sair do ostracismo, da timidez, da letargia, do conforto. É vendo que elas serão influenciadas e mudarão seu comportamento, pois, somente quando forem cheias da glória de Deus é que poderão glorificá-Lo!