Simplicidade | 3. A Singeleza de Coração

“... Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” (Atos 2:46 - NVI). “... E partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração” (ACF - Almeida e Corrigida Fiel).

A palavra “singeleza”, no grego é aphelotes, e significa “simplicidade”, “singularidade”. “Na Bíblia, a simplicidade representa pureza, clareza e ausência de duplicidade… A singularidade reflete a exclusividade de Deus e de sua vontade” (Strong).

A Igreja primitiva se reunia para as suas “refeições ágape” com alegria e coração simples, sincero, autêntico. Ela se reunia nas casas, por isso tinha “custo zero”; o foco eram as pessoas, e não os eventos! Nada era complicado, difícil de entender e praticar. Simplicidade de coração era a marca daqueles irmãos, porquanto a proposta do evangelho é tão somente vida em comunidade, a mutualidade do corpo de Cristo, a dinâmica do “uns aos outros”. Ao comerem juntos estavam declarando unidade, partilha, comunhão, relacionamentos de amor, vínculos fortes, aliança, nada mais!

 

A figura de uma criança

Nada pode definir melhor a simplicidade como a figura de uma criança (Mateus 18:2-3, 19:14). Ser semelhante a uma criança é ser humilde e ensinável. Uma criança é como uma página em branco, pronta a ser preenchida, por meio da educação que recebe dos seus pais e autoridades.

À medida que uma pessoa envelhece, fica cada vez mais rígida, cheia de opinião, orgulhosa, endurecida no pensamento e no coração. Por isso, o ponto de partida é nascer de novo (João 3:3). Trata-se de começar a vida novamente, como uma criança, com um coração ensinável! Os que permanecem no orgulho dão sinais de que não nasceram de novo. Logo querem ensinar todo mundo, não se sujeitam ao discipulado, querem ser pastores, mostrar que sabem. Estes não aprendem nada, porque não se tornam crianças.

 

O Cordeiro e o Leão

Existem dois aspectos da natureza de Jesus, que são como dois lados de uma mesma moeda. Ele é Cordeiro e o Leão. O cordeiro simboliza mansidão e humildade, o leão simboliza autoridade. Quem está em Cristo tem também estes dois aspectos. Acontece que a tendência é colocarmos a ênfase na característica de leão, vencedor, conquistador… (auto estima, identidade, coragem, ousadia, prosperidade e sucesso).

No apocalipse Jesus foi anunciado como leão, mas Se apresentou como cordeiro (Apocalipse 5:5-6). Não pode ser leão quem não é cordeiro, porquanto Jesus foi primeiramente cordeiro (Isaías 53:7). Ovelha muda é uma representação de total humildade, entrega, renúncia, que não reivindica direitos ou reconhecimento.

 

Singeleza é:

Simplicidade. Muitos cristãos são ávidos pelos primeiros lugares. Querem aparecer, gostam dos holofotes e dos microfones, amam se expor nas redes sociais. Jesus condenou esse comportamento (Mateus 23:5-6). O evangelho simples está na casa, longe dos holofotes, das primeiras cadeiras, dos palcos. É comer com os irmãos simples, na casa, onde todos são iguais, onde não há acepção de pessoas, porque quem escolhe e acrescenta é o Espírito Santo (Atos 2:47).

Inocência. Trata-se de pureza no pensamento e no juízo a respeito dos outros. É ver somente o que há de bom nos outros e se afastar de conversas maliciosas, fofocas e críticas. Quem é puro de coração não faz juízo antecipado, não pressupõe as intenções de ninguém, mas se faz criança, decide acreditar, sabendo que, se a intenção do irmão é errada, ele vai prestar contas de si mesmo a Deus (I Coríntios 14:20).

Sinceridade. “Sinceridade” vem do latim, sine cera, que significa sem cera. Para reter água, as panelas de barro tinham que ser feitas de uma única peça e, é claro, impermeáveis. Quando se quebravam, a cera era usada para esconder as rachaduras. A sine cera era, portanto, a garantia de um objeto genuíno. Metaforicamente, ser sincero significa estar “sem cera”, que não está usando máscara. Quem usa máscara esconde a real identidade em Cristo Jesus, e impede o agir do Espírito Santo!

Não ter pretensão. Ser despretensioso é ser simples, modesto, não fazer as coisas com segundas intenções, buscando algum proveito próprio ou vantagem. Revela interesse genuíno nos outros, e não em si mesmo (Salmo 131:1-2). No entanto, ser simples não é ser simplório (crédulo, tolo, ingênuo, que se deixa enganar facilmente), mas é ser despretensioso e ao mesmo tempo astuto (Mateus 10:16).

Não ter vaidade. Vaidade é a “qualidade do que é vão, vazio” (Oxford). Uma pessoa vaidosa é alguém que supervaloriza a sua aparência ou quaisquer outras qualidades na intenção de ser reconhecida e admirada pelos outros. Trata-se de uma ilusão, porque tem seu foco na aparência e não na essência. Ausência de vaidade é estar disposto a se aproximar de quem quer que seja, manter relacionamentos com pessoas de todos os níveis sem mostrar superioridade. É ser a mesma pessoa em qualquer lugar, tanto no palácio do governador, quanto na casa do pobre, e se sentir à vontade!

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