A obediência a Deus é a chave para desatar todas as áreas da nossa vida. E a razão é simples: quem obedece sem questionar e se amolda aos Seus princípios está alinhado com o Pai, por isso recebe tudo o que flui da Sua boa, perfeita e agradável vontade. A Bíblia diz: “Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, se vocês obedecerem ao Senhor, ao seu Deus” (Deuteronômio 28:2). Não precisaremos correr atrás das bênçãos, elas nos perseguirão. Mas a palavrinha “se” é uma condição. O Senhor também diz: “Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra” (Isaías 1:19).
Nosso Deus não é um Pai que exige obediência apenas para Se impor e dizer que Ele é quem manda. Poderia, porque é Senhor e Dono de tudo, mas não o faz! No NT, a palavra “Senhor” tem um sentido muito forte. Refere-se ao dono de escravos. O sentido é “dono”, “amo”, que tem absoluto direito de propriedade! Hoje em dia o significado dessa palavra está desgastado, porque se tem a ideia de que é apenas um título.
Certa vez, Jesus perguntou: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?” (Lucas 6:46). É uma tremenda incoerência chamá-lo de Senhor sem obedecê-Lo. Se Ele nos comprou com Seu sangue, agora somos Sua propriedade! A palavra “Senhor”, é kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, título dado ao imperador romano. A Igreja primitiva usava a expressão “Jesus é Senhor” para acentuar em sua mente a existência de um império maior mesmo que o de César. Precisamos desintoxicar nossa mente, porque “Senhor” não é apenas um título, mas é total autoridade. Foi por isso que Ele disse: “... Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos…” (Mateus 28:18–19)
A cura dos nossos olhos espirituais
Todas as curas que Jesus operou aqui na terra tinham um paralelo com a cura espiritual. Ao curar um cego de nascença, Ele estava abordando a cura da cegueira espiritual (João 9:1-7). Todos nós nascemos cegos espiritualmente, por causa do pecado que herdamos de Adão. Assim como Jesus não perguntou se aquele cego queria ser curado, também Ele não nos pergunta quanto à nossa cegueira espiritual. Ao misturar saliva com barro estava sinalizando que veio à Terra, Se misturou conosco (fomos feitos de barro) e nos possibilitou a salvação, a cura da cegueira espiritual.
Depois de aplicar a mistura aos olhos do cego, disse: “... Vá lavar-se no tanque de Siloé (que significa ‘enviado’). O homem foi, lavou-se e voltou vendo” (João 9:7). Não foi a saliva com barro que curou o cego, mas a atitude de ir até o “enviado” e lavar os olhos. Na Bíblia, a água simboliza a Palavra (João 15:3). Deus tem os Seus enviados, os que pregam a Palavra. Ir até o “enviado” e dar ouvidos à Palavra é determinante para a cura, porque implica humildade. Lavar-se é receber, abrir o coração! A saliva e o barro já estão em nossos olhos (o potencial para a cura), mas a condição é lavar-se. Na parábola do rico e do Lázaro, Jesus disse que os vivos devem dar ouvidos aos profetas (Lucas 16:27-29).
A cura tem um propósito
A nossa cura tem um propósito. Só os humildes são curados e, portanto, obedientes ao propósito. Somos curados para ver! Para ver o que Deus vê - “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Então disse aos seus discípulos: ‘A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos’” (Mateus 9:36-37).
Olhar é o primeiro passo. A correria frenética do dia-a-dia não nos permite parar para ver as pessoas. Elas estão perdidas, como ovelhas sem pastor. A compaixão nasce com o olhar. O que os olhos não vêem o coração não sente. Jesus disse: “Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita” (João 4:35). A colheita é já, é urgente!
A cura tem que ser completa
Jesus denunciou a cegueira espiritual dos Seus discípulos. Eles não entenderam o milagre da multiplicação dos pães (Marcos 8:17-18). Era sobre o pão espiritual que Jesus quer que multipliquemos para alimentar as multidões! Em seguida, Jesus curou um cego (Marcos 8:22-25). Mas Ele o fez em duas etapas. Na primeira etapa a cura não foi completa, o cego via as pessoas parecendo árvores andando. Árvores têm vida, mas não têm alma. Pessoas são eternas, porque têm alma. Árvores apenas produzem, pessoas têm sentimentos, carências, feridas, necessidades. Muitos cristãos têm uma visão parcial, não conseguem ver as pessoas na sua verdadeira essência. Mas Jesus nos pergunta: “... Você está vendo alguma coisa?” (v 23), porque Ele quer operar em nós uma cura completa, a fim de vermos claramente levarmos outros à cura!
Só os curados podem curar - “Jesus fez também a seguinte comparação: ‘Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?’” (Lucas 6:39). Um cego não pode conduzir ninguém, pelo contrário é conduzido, portanto, vulnerável a qualquer enganador que queira se aproveitar dele. Mas aquele que enxerga, tem visão de si mesmo e pode conduzir os que não enxergam ao caminho verdadeiro, que é Jesus (João 14:6).