Chaves para o favor de Deus | 4. A disciplina

As palavras “favor” e “graça” têm sentidos semelhantes. O significado bíblico de “graça” é “favor imerecido”. Paulo escreve: Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Efésios 2:8). A fé aciona a graça; isto é, o favor de Deus entra em operação quando damos uma resposta de fé ao que nos foi oferecido gratuitamente. Portanto, existem requisitos para que o favor de Deus seja liberado. São como chaves para que as portas da graça se abram. Todas as chaves para o favor de Deus são feitas do mesmo “material”: a fé!  

 

A fé é ativa

A Bíblia diz que a graça foi derramada sobre todos (Tito 2:11-14). Porém, nem todos a recebem porque não usam as chaves de fé que Deus disponibilizou, visto que a fé não é passiva, mas ativa; a fé sem as obras é morta (Tiago 2:17).  Portanto, tem algo a ser feito. Quando a graça se revela a nós, somos impelidos a uma ação. A Bíblia diz: “... A fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Romanos 10:17). Quando a revelação de tão grande graça entra em nosso coração, somos inclinados a obedecer, agir. Por isso, é impossível que alguém receba a graça e continue na prática do pecado (Romanos 6:1-2).

Acontece que a nossa carne continua ativa. Os desejos enganosos da carne continuam querendo aflorar o tempo todo. Nossa alma, onde residem nossos sentimentos, emoções e vontades, quer sempre contrariar a vontade do Espírito. É aí que entra a disciplina. A palavra “disciplina” significa: “Instruir ou educar; informar a mente; preparar instruindo em princípios e hábitos corretos; como disciplinar os jovens para uma profissão ou para utilidade futura” (Webster, 1828). Trata-se, portanto, de esforço, iniciativa, intencionalidade, oposição às inclinações da carne, como conforto, preguiça, imoralidade, etc. Jesus disse que o Reino de Deus é tomado por esforço (Mateus 11:12).

 

Discipulado é disciplina

Jesus fez discípulos e nos mandou fazer o mesmo (Mateus 28:19-20). A palavra “discípulo” tem a mesma raiz da palavra “disciplina”. Quando decidimos seguir a Jesus, nosso alvo é ser como Ele, porquanto o discípulo é como o seu mestre (Lucas 6:40). Trata-se de um processo de formação, o que implica intencionalidade. Quando alguém quer alcançar uma formação acadêmica, por exemplo, ele se esforça com muita disciplina para chegar lá, renunciando sono, descanso, feriados, entretenimentos; ao mesmo tempo lê, estuda, faz pesquisas, etc. Todos nós sabemos que um aluno que apenas assiste às aulas, nada mais, certamente não alcançará as notas necessárias para ser aprovado em um curso. Assim também, alguém que apenas assiste cultos, nada mais, nunca vai amadurecer; e, certamente, não alcançará o caráter de Cristo!

 Discipulado é um processo de formação para que nos tornemos semelhantes a Ele. Ele disse: “... Aprendam de mim…” (Mateus 11:29). Se queremos ter a forma de Jesus, precisamos ter disciplina. A Bíblia fala sobre as disciplinas espirituais. Elas nos ajudam no propósito de nos fazer parecidos com Ele.   

Segundo Donald S. Whitney, “Disciplinas Espirituais são as disciplinas pessoais e corporativas que promovem o crescimento espiritual. São hábitos de devoção… que têm sido praticados pelo povo de Deus desde os tempos bíblicos”. Algumas delas são: leitura e meditação na palavra, oração, jejum, solitude, doar generosamente, comunhão e adoração. São as disciplinas que nos levam à maturidade espiritual.

 

A lei do menor esforço

Disciplinas, portanto, são atitudes conscientes de resistência às inclinações e desejos da carne. A carne sempre opta pelo caminho mais fácil, porque está associada ao sistema pecaminoso. Jesus falou sobre dois caminhos (Mateus 7:13-14). O caminho largo não exige esforço, ele é fácil, mas leva à perdição, morte eterna. O caminho estreito é difícil, por isso exige esforço; é como remar contra a maré, contra o sistema pecaminoso, mas este leva à vida. Quem vai preferir a morte!?

A minha carne não quer orar, nem jejuar, nem se concentrar na leitura e meditação da palavra, nem congregar, nem evangelizar, nem doar o tempo e as habilidades em favor do próximo, nem liderar uma célula, nem fazer parte de um ministério, enfim, ela não quer sair do seu conforto; mas meu espírito quer! Ele foi iluminado pelo Espírito Santo, e agora existe em mim uma consciência e um desejo de ser semelhante a Cristo. Agora eu tenho escolha, antes não. A fé, que é a chave para o favor de Deus, aflorou em mim. No entanto, a escolha, por conta dessa luz que entrou em mim, ainda é minha. Deus me deu a chave, usá-la é por minha conta!

Ser semelhante a Ele tem recompensas maravilhosas: não seremos mais inconstantes, nem enganados por homens espertos que induzem ao erro (Efésios 4:13-14); como filhos, que se assemelham ao Filho, agradaremos o coração do Pai (Mateus 3:17), e Ele atenderá nossas orações (Mateus 7:11); seremos abençoados com todas as bênçãos espirituais (Efésios 1:3).

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