Chaves para o favor de Deus | 5. O Temor

A igreja moderna vive uma época de forte ênfase quanto na graça e na paternidade de Deus. São abordagens de extrema importância, que promovem muita cura e saúde emocional. No entanto, nesse contexto, falar sobre o temor a Deus parece contraditório. A mentalidade popular relaciona o temor à Lei, e a paternidade à graça. Na verdade, graça e temor não se contradizem, mas se complementam. Só pode haver temor se houver verdadeira compreensão da graça. A graça gera temor!

 

Graça não é relativismo

Por conta dos abusos das instituições religiosas modernas nos moldes da igreja romana dos tempos de Lutero, que vendia indulgências e oprimia o povo por meio da hierarquia clerical, há um interesse crescente na renovação da teologia da graça; e este é um motivo legítimo e saudável. Entretanto, há outro motivo, ainda que sutil e difícil de admitir para alguns: o relativismo!

O forte pensamento relativista da sociedade moderna penetrou no meio cristão com uma roupagem gospel, chamada “graça”. A falsa graça é o evangelho relativizado. Ou seja, além de infinitas interpretações, o evangelho tem também a medida que combina com cada indivíduo, de acordo com aquilo que cada um escolhe aceitar e assimilar individualmente. Os argumentos são diversos: cada um precisa ser respeitado na sua individualidade; não se pode julgar as intenções; cada cultura tem suas particularidades (como se a cultura do Reino não fosse mais o padrão); e muitos outros.

Essa falsa graça despreza a disciplina e o temor e os chamam de religiosidade. O que outrora era compromisso, dedicação, zelo, se tornou religiosidade, legalismo, igrejismo, etc. O pecado está sendo relativizado. O que antes era pecado hoje em dia “não é bem assim!”. Acontece que os princípios continuam sendo o padrão de conduta, a referência, o ponto de partida para a prática de todo cristão. A graça não veio anular, mas veio para suplantar a lei (Mateus 5:17).

 

Graça gera temor

Por isso, a graça e o temor andam juntos. A Bíblia diz: O temor do Senhor é o princípio da sabedoria…” (Provérbios 9:10). O temor é o princípio, o fundamento, a base da sabedoria. O temor a Deus nos impele a obedecer, a fazer o que é certo, a fazer morrer os desejos enganosos da carne para permitir Cristo viver em nós. A palavra “temor” significa “respeito”, “reverência”, “piedade”; “... O temor não é apenas um medo de punição, mas uma atitude de respeito e conhecimento da grandeza e santidade de Deus… Não é um sentimento de terror, mas uma atitude de reverência e adoração diante do Deus Todo-Poderoso” (Strong).

Enfim, a graça jamais despreza o temor, pelo contrário, o reforça. Temor é sobre consideração em tudo o que Deus diz, é a certeza de que Ele é fiel em tudo o que promete; é saber que todos os princípios e parâmetros continuam valendo e são imutáveis. Quando uma pessoa entende o valor da graça, o tamanho livramento que recebeu, o temor dela cresce!

 

O temor atrai a graça

Graça não é imunidade ao pecado. Na linguagem jurídica existe uma diferença entre imunidade e isenção tributária. Imunidade é quando um determinado imposto não incide sobre determinadas instituições por direito constitucional; enquanto que isenção é quando o imposto incide, no entanto, por força de lei ele é retirado, ou perdoado. Essa comparação nos ajuda a entender que a graça não nos imuniza do pecado, mas nos isenta, perdoa.

Todos nós continuamos vulneráveis ao pecado, e o salário do pecado continua sendo a morte! Acontece que os que conhecem a graça se tornam isentos, são perdoados, mediante confissão e arrependimento. A imunidade não reconhece a dívida, porque ela não se aplica; a isenção reconhece, confessa, e por isso recebe o perdão (I João 1:9; 2:1).

Outra comparação pode ser quanto ao corpo humano. Quando alguém está imune a determinado vírus, este não tem efeito. Mas quem não é imune, ao ser atingido pelo vírus precisa de um antídoto para combatê-lo. Assim, a graça não nos protege, não nos imuniza do vírus do pecado, mas é o antídoto contra ele! Quem teme a Deus, teme o pecado, porque sabe que ele continua contagiando e matando (Mateus 10:28). Reconhecer que a qualquer momento podemos contrair o vírus, nos torna atentos (Hebreus 2:1-3). No entanto, se acontecer, vamos apressadamente ao trono da graça para usar o antídoto, o sangue que nos purifica e nos restaura (Hebreus 4:16).

O temor, portanto, é como um catalisador, que faz a graça (favor) de Deus entrar em operação. Por isso, quem teme a Deus será abençoado em tudo, feliz e próspero (Salmo 128:1-4); terá a proteção de Deus sobre a sua vida (Salmo 34:7); será afastado das armadilhas do mal (Provérbios 14:27); evitará o mal (Provérbios 16:6).

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