SÉRIE: FIRMADOS NA ROCHA 4. LEVEM AS CARGAS UNS DOS OUTROS

Somos todos vulneráveis. Ninguém está isento de pecado. Não andamos mais no pecado, mas podemos cair nele! A Bíblia diz: “... Não há nenhum justo, nem um sequer;... Todos se desviaram,... não há ninguém que faça o bem…” (Romanos 3:10-12). O apóstolo João diz: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (I João 1:8)

Bem, se a Igreja não é um lugar de pessoas perfeitas, ela se torna um verdadeiro hospital, um ambiente de cura e libertação contínua. Nossa transformação não acontece da noite para o dia, ela é processual! Por sermos imperfeitos vamos, certamente, errar em muitos momentos, teremos conflitos de relacionamentos, vamos ofender e nos sentir ofendidos, teremos dificuldade em perdoar e pedir perdão, cairemos em impureza sexual, etc. No entanto, todos nós queremos nos tornar mais parecidos com Jesus (Efésios 4:13).

Espiritualidade é misericórdia

Se todos, sem exceção, estão sujeitos a cair, esse deve ser um ambiente de misericórdia e amor, paciência e perdão. Quando uma mulher flagrada em adultério foi levada a Jesus, Ele disse aos acusadores que queriam apedrejá-la: “... Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (João 8:7). Quem consegue enxergar a si mesmo não tem coragem de atirar pedras (acusar e condenar).

A Igreja é composta de pessoas humildes, que reconhecem a sua pecaminosidade e a graça imerecida recebida de Deus. Por isso é cheia de misericórdia. Paulo diz: “Se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão” (Gálatas 6:1). Os espirituais são os que não andam segundo a carne, mas que têm consciência da sua natureza pecadora e que podem cair em algum pecado. Estes já aprenderam a vencer as guerras contra a carne e podem ajudar os mais fracos.

Os espirituais têm como principal propósito unir e não dividir, acolher e não rejeitar. A palavra “restaurar”, no original, implica um processo de consertar ou ajustar algo que foi quebrado. Tem o sentido de “consertar redes” ou “reunir facções rivais”. É sobre unir, trazer para a comunhão e não separar ou rejeitar.

Ninguém é descartável

“... Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (Gálatas 6:1,2). A palavra “cuide-se” nos chama a atenção para olhar primeiro para nós mesmos. Ter olhos por dentro é perceber que somos tão pecadores quanto o nosso irmão; isso nos move a agir com amor e mansidão, e não com indignação e hostilidade. Vamos ajudá-lo a levar o fardo pesado, e não afundá-lo ainda mais.

Na sequência, esse raciocínio fica mais claro: “Se alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gálatas 6:3). Somos nada, portanto querer corrigir os outros sem humildade, sem a consciência de si mesmo, de que só a graça é que nos perdoa e capacita a viver a santidade, é se achar, é ser cheio de orgulho.

Jesus não veio esmagar a cana quebrada e nem apagar o pavio fumegante (Mateus 12:18-20). “... Não quebrará o caniço rachado...”. Nos tempos de Jesus, nascia às margens dos ribeiros uma espécie de cana que os meninos arrancavam, tiravam o miolo e faziam uma flauta de brinquedo. Ao tentarem fazê-lo, muitas vezes o caniço rachava, e, assim, era descartado. “... Nem apagará o pavio fumegante...”. Também naqueles tempos usava-se a lamparina à base de óleo. Quando o pavio estava gasto e o fogo enfraquecia, ele era arrancado e substituído por um novo.

A mensagem, aqui, é que Deus não descarta ninguém. Jesus não veio para nos condenar pelos nossos pecados. Nossas incontáveis “rachaduras” (defeitos, imperfeições, limitações), à semelhança do caniço, não são motivos para Deus desistir de nós. Se a chama espiritual de alguém está fraca, quase se apagando, Ele está pronto para restaurar o pavio para que o fogo volte a queimar ainda mais forte.

Suportando uns aos outros

Paulo diz aos efésios: “... Rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam” (Efésios 4:1). A palavra “vocação” significa, no contexto bíblico, “um chamado, um convite para abraçar a salvação de Deus”. Fomos chamados para uma comunhão íntima com Ele. Viver de maneira digna, portanto, é expressar o Seu caráter, a Sua identidade, como está na sequência: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor” (Efésios 4:2). Docilidade pode ser também mansidão, gentileza, brandura. Ser manso não significa ser fraco, mas ter controle sobre a raiva e agir com brandura e compaixão. A palavra “paciência” tem o sentido de resistência, constância, firmeza, tolerância, lentidão em vingar injustiças.

Esses são os requisitos para suportarmos uns aos outros em amor (v 2). Suportar é sustentar, manter ereto, firme, ajudar a firmar uns aos outros na fé. Os que se acham melhores que os outros, ou menos pecadores, não terão paciência para suportar as quedas dos mais fracos e não serão dóceis para ajudá-los a caminhar! Mas os que expressam o caráter humilde de Cristo se tornam fortes para sustentar uns aos outros!

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