Todo cristão tem dupla cidadania, a do céu (Filipenses 3:20) e a deste mundo (Filipenses 1:27). Cidadania é “o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais”. Como cidadão, portanto, o cristão deve exercer seus direitos e deveres de modo digno do evangelho de Cristo, ou seja, de acordo com os princípios e valores que agora regem o seu estilo de vida.
Seja coerente
Bem, se um cristão age de acordo com seus valores, seria totalmente incoerente escolher ou mesmo apoiar candidatos ou partidos que tenham como fundamento ideologias calcadas no ateísmo. Como um cristão escolheria para seu governante pessoas participantes de movimentos que defendem de forma escancarada a desconstrução dos valores cristãos? Não se trata de querer impor uma crença cristã a todos, mas de simples coerência.
Como um cristão daria crédito a partidos que têm suas ideologias baseadas em pressupostos filosóficos de pensadores e teóricos ateus, se a Bíblia nos ensina que devemos exercer nossa cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo? Se temos a oportunidade (e o dever) de escolher, como escolheremos alguém que anda na contramão da cultura do Reino de Deus?
Um verdadeiro cristão não basearia suas escolhas em conceitos criados por mentes formatadas no ateísmo, pois tem a mente de Cristo. A Bíblia diz: “Diz o tolo em seu coração: Deus não existe! Corromperam-se e cometeram injustiças detestáveis; não há ninguém que faça o bem” (Salmos 53:1). Faz algum sentido dar ouvidos a um tolo? Tolos não fazem o bem, pelo contrário “... corromperam-se e cometeram injustiças detestáveis”.
Como pensa um cristão
Existem duas maneiras de se pensar e raciocinar: por princípios (absoluto) e pelo relativismo (subjetivo). A maneira como cada pessoa vê o mundo é chamada de cosmovisão - o “sistema pessoal de ideias e sentimentos acerca do Universo; concepção do mundo'' (Michaelis). Em outras palavras, cosmovisão é a maneira como cada pessoa vê o mundo e interpreta a vida. Só existem duas cosmovisões, a cristã e a não-cristã (pagã), assim como existem apenas dois movimentos: Cristo e o anticristo. Não há neutralidade, nem na educação, nem na ciência, nem na história, nem nas artes, nem na mídia… O cristão tem a mente de Cristo, e assim se posiciona e se pronuncia sempre - “... Nós, porém, temos a mente de Cristo” (I Coríntios 2:16).
O relativismo é antagônico ao evangelho, porque não admite o absoluto. Deus é absoluto, e Suas verdades não mudam - “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão" (Mateus 24:35). A cosmovisão dos cristãos é por princípios, por isso são contra o aborto, à liberação das drogas, à idedologia de gênero, ao feminismo, à invasão da propriedade alheia, ao assistencialismo, etc…
Os cristãos não são fundamentalistas, mas pessoas de princípios, que pensam, agem, falam e se comportam sempre pelas lentes da palavra de Deus; porém, nunca de maneira impositiva, institucionalizada, mas com a prática do amor, que implica firmeza (convicção) e ao mesmo tempo brandura (respeito). Sua abordagem não contempla discutir assuntos espirituais com pessoas não espirituais (I Coríntios 2:12-14).
Uma verdade sempre será absoluta, porém, o relativismo admite que o que é verdade para um pode não ser para outro, tudo depende do ponto de vista. Mas, Jesus disse que há uma só verdade (João 14:6). E, ao conhecermos essa verdade, seremos libertos da tirania do sistema deste mundo que nos faz escravos da mentira (João 8:32).
O relativismo faz da verdade uma mentira e da mentira uma verdade, porquanto baseia-se na completa descrença em um Deus criador, que determinou princípios à criação. Não será por isso que, desde a educação infantil as crianças são ensinadas sobre o evolucionismo como verdade, sendo que esta é uma das teorias mais refutadas entre os cientistas? Se o Dono da razão, o Absoluto, é tirado de cena, o que sobra? Nada! Tal ideia desencadeia um absurdo ainda maior, pois ensina-se que o nada criou tudo! Esse é o pensamento que impera nas escolas e meios acadêmicos.
A inversão de valores
O profeta Isaías já se referiu ao relativismo há centenas de anos antes de Cristo: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e inteligentes em sua própria opinião” (Isaías 5:20-21). A exclamação “ai” está ligada à juízo. Ou seja, os que invertem os valores não ficarão sem sofrer trágicas consequências. Essa quebra de princípios, e consequente inversão de valores que se vê hoje, é a expressão da rebeldia contra Deus em sua forma mais escancarada. A Bíblia diz: “... Mas ai da terra e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco tempo” (Apocalipse 12:12). Sabemos que se trata do sistema do anticristo, que só tem uma resistência: os autênticos cristãos!