A fé cristã não é mera crença religiosa. A revelação do evangelho produz a encarnação do verbo, que é a palavra, e a palavra é Cristo. Todo cristão encarna Cristo, tanto individualmente, quanto coletivamente, por meio da Igreja. A Igreja é a encarnação de Cristo, o corpo dEle, que se move a fim de trazer o céu à Terra.

A Igreja é chamada de noiva de Cristo. Um dia acontecerá o tão esperado casamento. Enquanto isso, ela se prepara purificando-se e adornando-se para aquele momento. Paulo associa esse processo de purificação ao casamento (Efésios 5:25-27). A Igreja está sendo santificada e purificada pela água, que é a palavra, e será apresentada ao Noivo cheia de glória, sem mancha ou ruga.

A Igreja está no processo de embelezamento! (Filipenses 1:6). O dia de Cristo Jesus é o dia do casamento! A verdadeira Igreja se submete ao processo de embelezamento pela palavra, a fim de se tornar semelhante a Cristo, em Seu caráter.

As vestes da noiva

Em Apocalipse está registrado o que vai acontecer no dia do casamento: “Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro. O linho fino são os atos justos dos santos” (Apocalipse 19:7-8). O vestido da noiva são os atos de justiça! Atos são ações, obras, iniciativas, trabalho… Atos justos, portanto, são todas as ações voltadas à manifestar a justiça de Deus na terra, o que inclui, entre muitas coisas, acolher o órfão, a viúva e o estrangeiro, repartir com os necessitados, expressar misericórdia e compaixão, curar os enfermos, libertar os presos espiritualmente, enfim tudo que possa revelar a graça de Deus e salvar pessoas!

Portanto, ser cristão não é apenas professar uma crença, mas é a operação da crença. Os cristãos oram e pedem a Deus pela transformação da sociedade, ao mesmo tempo fazem a oração acontecer. Jesus nos ensinou a orar: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). O Reino virá à terra quando nosso profundo desejo de ver a oração acontecer (fé) se materializar por meio de ações!

Então, a própria Igreja (noiva) está costurando o seu vestido para o casamento. Cada ato de justiça é um ponto que damos nele. Se cremos na oração que fazemos, fazemos a oração que cremos! Não podemos pedir a Deus que faça algo para o qual não estamos dispostos a dar a vida para ver acontecer. Nossa fé se comprova pelas ações.

A fé sem obras é morta

Assim sendo, a fé é ativa, e não passiva. Ter fé não é apenas acreditar na oração que fazemos, mas é envidar todos os esforços para fazer acontecer aquilo que oramos. Por isso Tiago diz que a fé sem obras é morta (Tiago 2:14-17, 26). A apatia, a preguiça, a omissão, a inércia, o egoísmo, tudo isso anula a fé! Declarar a fé em Cristo com palavras, sem materializá-la é o mesmo que nada. As obras não salvam, mas quem é salvo pratica as boas obras, porquanto elas são a razão de sermos salvos (Efésios 2:8-10).

Se queremos ver as famílias transformadas, e oramos por isso, então vamos operacionalizar essa transformação a partir da nossa própria família, começando da forma correta e cumprindo o voto da aliança até o fim. Se queremos ver nossas crianças protegidas do abuso moral, emocional e físico, bem supridas no espírito, alma e corpo, bem educadas e preparadas para toda boa obra, vamos usar nossos recursos para ver isso acontecer, e não esperar que o Estado o faça. Se oramos para que haja justiça social, somos os primeiros a repartir com generosidade, não aceitando que uns tenham demais enquanto outros tenham de menos. E assim por diante…

O Reino é tomado à força

Jesus disse que o Reino de Deus é como um homem que lança a semente sobre a terra (Marcos 4:26). O agricultor, ao cultivar a terra, exerce muito esforço. Esforço implica trabalho, envolvimento, sacrifício… (Mateus 11:12). Para vermos a semente do evangelho brotar, crescer e multiplicar precisamos nos dedicar. A oração só tem efeito quando a ação de Deus e do homem se encontram - “... Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo” (Gênesis 2:4-5).

A chuva é a ação de Deus, e o cultivo do solo é a ação do homem. Essas duas ações devem se encontrar para que a vida brote. Isso ilustra muito bem a relação que existe entre o poder da oração e a ação do homem. A fé exige ação, do contrário ela é morta, não move o céu. Quando o homem está conectado com Deus, ele se move segundo a Sua vontade, então faz acontecer a vida.

Embora nossa ação seja sacrificial, cultivar a terra e lançar a semente é uma atividade emocionante e vibrante, pois nos faz participar das obras do Criador. Quem entende o evangelho encara o sacrifício do labor com grande satisfação, pois verá a recompensa, o fruto do seu penoso trabalho - “Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão” (Salmos 126:5).