Não deixe a lâmpada se apagar

Jesus afirmou que um dos sinais do fim dos tempos seria o esfriamento espiritual - “Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 24:12-13). Esfriar é tornar-se menos quente, perder o calor, arrefecer. No sentido figurado é desanimar, perder o entusiasmo, endurecer-se.

 

Causas e sinais de esfriamento

A palavra aqui traduzida por “maldade” no grego é anomia = violação da lei de Deus; e é também utilizada para descrever o abandono da fé cristã - “Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (II Tessalonicenses 2:3). Quem será salvo? Aquele que perseverar, que não se deixar esfriar, mas se mantiver apaixonado, entusiasmado, intenso, fervoroso. A causa do esfriamento é a maldade (quebra de princípios), a desobediência sistemática e recorrente.

Outro fator que causa o esfriamento está na carta à igreja de Laodicéia. Segundo estudiosos, cada uma das sete igrejas do Apocalipse referem-se a uma fase da igreja na história. Laodicéia é a última, a sétima, a nossa. A carta diz: “… Sei que você não é frio nem quente!... Estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: ‘estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu” (Apocalipse 3:15-17). Quando temos tudo não precisamos de nada. As facilidades do mundo moderno esfriaram a fé e o amor de muitos, por Deus e uns aos outros. Temos liberdade religiosa, crédito, seguro, plano de saúde, emprego, carro, casa, férias, etc.

Alguns sinais de esfriamento são: quando os cultos e encontros da igreja já não são mais prioridade, qualquer coisa é motivo para faltar (muito frio, muito calor, chuva, aniversário, cansaço, crianças pequenas, entretenimentos, passeios,…); quando há total dedicação no trabalho, mas no serviço voluntário ou ministerial chega atrasado, não tem capricho, falta sem avisar; quando os pais levam seus filhos à escola, mas não os levam ao culto semanal; quando os casais não oram mais com o cônjuge e com os filhos; quando alguém não quer se envolver num ministério ou serviço voluntário porque tem muitos afazeres (casou, teve filhos, está estudando…); quando alguém inteligente, cheio de energia, talentos, dons e habilidades dá inúmeras desculpas esfarrapadas para não liderar uma célula…

 

É sua responsabilidade

O contrário do esfriamento é a paixão = “entusiasmo, predileção ou amor tão intensos que ofuscam a razão” (Michaelis). Quando alguém descobre o evangelho, se apaixona! Tal pessoa é até incompreendida (Mateus 13:44). O perigo desse entusiasmo arrefecer, no entanto, é uma realidade que precisa ser encarada. Todos, sem exceção, estão sujeitos ao desânimo e esfriamento. Admitir é o primeiro passo!

Samuel foi chamado por Deus num tempo em que o sacerdócio de Israel estava corrompido. Eli era o sumo sacerdote e seus filhos o ajudavam no serviço. Estes desprezavam a Deus (I Samuel 2:12, 17, 22). Havia um esfriamento espiritual em Israel a partir do sacerdócio. Por isso o Senhor não Se manifestava (I Samuel 3:1).

Samuel foi levado pela sua mãe ao templo quando ainda menino para servir como aprendiz. Ele era fiel e dedicado a Deus, em contraste com os filhos de Eli. Por isso Deus falou com ele - “A lâmpada de Deus ainda não havia se apagado, e Samuel estava deitado no santuário do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. Então o Senhor chamou Samuel” (I Samuel 3:3-4). A lâmpada diz respeito ao candelabro de ouro que ficava diante da mesa dos pães da Presença, no Lugar Santo. Durante a noite a chama daquela lâmpada ficava fraca ou se apagava. Permitir que a lâmpada se apagasse era uma violação dos regulamentos da Lei (Êxodo 27:20-21).

Os sacerdotes não deveriam deixar a lâmpada se apagar, mas os filhos de Eli não se preocupavam com isso. Era um sinal profético do esfriamento espiritual de Israel. Mas Samuel era tão dedicado e fiel que dormia no templo a fim de manter a lâmpada acesa quando ela ficasse fraca. Os sacerdotes hoje somos todos nós, por meio de Cristo, e não mais uma tribo específica. É nosso papel manter a lâmpada acesa, não cabe a Deus. Precisamos de intencionalidade porque é inevitável que a chama enfraqueça. O combustível da lâmpada é o óleo do Espírito Santo! Portanto, nós, o sacerdócio restaurado (Samuel) vamos determinar que a lâmpada permaneça acesa continuamente.

 

Um sacerdócio restaurado

A Bíblia diz a respeito de Jesus: “Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça” (Mateus 12:20). Jesus não veio julgar e descartar as pessoas. Se existe uma chama, ainda que fraca, Ele a considera, não apaga, não despreza. Assim como não cabe a Ele mantê-la acesa, também Ele não apaga.

Porém, não admita que essa chama permaneça fraca, pois, se continuar assim, ela vai se apagar! Seja um inconformado com o esfriamento. Reaja, coloque óleo na lâmpada, não durma! Você faz parte de um sacerdócio restaurado!

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