Está tudo bem com você?

(II Reis 4:8-37)

 

Esta é a história de uma mãe. Ela era uma mulher rica e de bom coração, pois reconhecia que Eliseu era homem de Deus e o apoiava. Sempre que Eliseu passava por Suném ela o convidava para uma refeição em sua casa. Mais tarde pediu a seu marido que construísse um quartinho no andar de cima para que o profeta pudesse se hospedar sempre que passasse por lá.

Existem pessoas que têm muito bom coração, repartem seus recursos com o próximo, simpatizam com o evangelho e apoiam os que anunciam a palavra. Isso é louvável, sem dúvida! No entanto, assim como aquela mulher, isso não é tudo.

Havia um vazio na vida e no lar da sunamita. Ela não tinha filhos. O profeta ficou tão agradecido pelo quartinho, que falou ao seu ajudante, Geazi: “O que se pode fazer por ela?”. E ele respondeu: “... Bem, ela não tem filhos, e seu marido é idoso” (v 14). Não ter filhos, naquela época, era uma humilhação e, além disso, se ficasse viúva, não usufruiria de nenhum direito de sucessão e a herança passaria completamente para os filhos ou filhas do falecido. Caso não tivesse descendentes, a herança pertencia aos irmãos do pai ou ao parente mais próximo.

 

O propósito da vida é a vida

Aquela mulher tinha uma vida muito boa, mas ela não era mãe. Ela estava incompleta. Faltava o principal, não tinha herança. Sua vida não tinha propósito. Sim, porque o propósito da vida é perpetuar a vida. A maternidade é uma figura do propósito, por isso a mulher pode representar cada um de nós. Não se trata de filhos biológicos, mas de frutos, de filhos espirituais. Fruto é o que a gente reproduz, vidas que geramos do nosso ventre espiritual, da essência que Deus coloca em nós pelo Espírito Santo.

Depois de ter criado o homem à Sua imagem e semelhança, Deus disse: “... Sejam férteis e multipliquem-se…” (Gênesis 1:28). Esse senso materno está em todo ser humano. Quem não o exerce é incompleto, não cumpre o seu propósito de vida. A maternidade é o maior nível de renúncia que um ser humano pode exercer, e é um sinal profético do custo do discipulado (Lucas 14:33). O evangelho nos tira da zona de conforto, do egoísmo e exclusivismo, para reproduzirmos a essência dEle em outras pessoas.

O profeta Eliseu disse à mulher: “Por volta desta época, no ano que vem, você estará com um filho nos braços” (v 16). A mulher engravidou e a promessa se cumpriu. A sua humilhação foi removida. Agora havia um sentido para a sua vida. O profeta é uma figura de Jesus. Quando ele entra em nossa casa, somos curados e nos tornamos férteis espiritualmente. Cristo veio para nos dar sentido à vida, para nos resgatar ao propósito original, que é perpetuar a Sua essência.

 

O plano do inimigo

Agora a sunamita estava completa, sua vida tinha sentido e propósito. Acontece que o menino, ao se tornar adolescente, morreu (vs 18-20). Esta é a estratégia do nosso inimigo, trazer frustração, decepção e desapontamento para nos tirar do propósito. Ele vem para matar, roubar e destruir (João 10:10). Seu objetivo é nos paralisar, fazer voltar à letargia, ao desânimo e à frieza espiritual.

Quando ela foi à procura do profeta, este mandou perguntar: “Está tudo bem com você? Tudo bem com seu marido? E com seu filho?” (v 26). Eliseu percebeu que a sua alma estava angustiada (v 27), mas ela respondeu: “Está tudo bem” (v 26). Muitas vezes dizemos que está tudo bem, quando não está. Até o nosso semblante nos denuncia quando não estamos no centro do propósito de Deus!  

Mas ela não se conformou e foi ao profeta, uma figura de Jesus. Teremos guerras, crises emocionais, existenciais e ministeriais, mas Aquele que nos deu vida pode também restituí-la. Começar bem é fácil, o difícil é perseverar. Muitos começaram servindo ao Senhor com todo entusiasmo, mas por conta da interferência do inimigo, desistiram no meio do caminho e pararam de gerar fruto.

 

Existe esperança

O segredo está em não desistir. A mulher não desistiu. Ela sabia que aquele filho era um milagre, e não se conformou em perdê-lo. Se temos essa mesma certeza, de que nos tornamos frutíferos como resultado de um milagre, então teremos o mesmo senso materno daquela mulher, inconformada e indesistível. Quando temos certeza do nosso chamado, de que existimos para cumprir uma missão, não desistimos dela.

O profeta foi até a casa da mulher e ressuscitou o menino (vs 32-35). A vida voltou plenamente. A angústia deu lugar à alegria. O propósito foi resgatado. Deus quer nos restaurar ao propósito original. O Diabo veio matar, mas Jesus veio dar vida (João 10:10). Por meio de Jesus nossa vergonha é removida e a autoridade é resgatada!

Fora do propósito de Deus, estamos incompletos e angustiados. A verdadeira felicidade e realização está em perpetuar a vida que Deus colocou em nós pelo Seu Espírito Santo. Não basta acreditar em Deus, frequentar os cultos, ofertar generosamente e ajudar o próximo. Algo tem que sair de dentro de nós! É vida na vida.

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