Série: Paternidade | A Orfandade

(Lucas 15:11-32)

A verdadeira identidade planejada por Deus Pai para nós é que sejamos filhos. E isso é tão importante que o próprio Filho (Jesus Cristo) veio em carne para salvar um planeta de órfãos. O contrário de filiação é orfandade. Segundo o dicionário, orfandade é “o estado de órfão, de quem perdeu os pais ou um deles; condição de desamparo, abandono”. Trata-se, portanto, não apenas da perda dos pais pela morte, mas de um afastamento entre pais e filhos, que pode ter sua origem nos pais (abandono) ou dos filhos (rebeldia). Portanto, os órfãos de pais vivos são a maioria!

Quando Adão e Eva pecaram, houve uma separação entre a humanidade e o Pai. Ali nasceu a orfandade. Naquele momento, a raça humana estava se separando do Pai, Deus, e este é o pecado original: “Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23). Deus nunca deixou de ser Pai, mas nós nos distanciamos dEle, e nos tornamos órfãos por escolha própria. Isso trouxe sequelas profundas em nossa alma, porque não fomos criados para viver sem o Pai. “A orfandade é uma percepção e sentimento de não inclusão e não pertencimento, derivado de uma mentalidade pessoal distorcida” (Fabiano Ribeiro & Leila Paes). O ápice do coração do discípulo é quando ele vê Deus como seu Pai. É quando ele alcança o suprassumo da sua existência: ser filho! 

 

O Pai do céu e o pai terreno

A parábola do Filho Pródigo é a história de cada um de nós. Nela constatamos o amor extravagante de Deus. O amor é um dos principais atributos comunicáveis de Deus, pois Ele é amor! (I João 4:8). Nessa parábola, percebemos a orfandade nos dois filhos. O mais novo (Lucas 15:13), que deixou a casa do pai; e o mais velho, que permaneceu, no entanto não tinha consciência da paternidade (Lucas 15:29). O mais novo foi rebelde, o mais velho não foi rebelde, mas tinha o coração ferido. 

Ninguém é completamente realizado sem a profunda percepção e experiência em relação a paternidade, mas, para isso acontecer, eu preciso resolver minha paternidade em relação aos meus pais. A família biológica deveria ser a referência de conexão com a Trindade. Dessa forma, o pai representa Deus Pai, a mãe representa o Espírito Santo e os filhos/irmãos representam Jesus - o bloqueio horizontal interferirá no vertical.

Um dos maiores impedimentos de vermos Deus como Pai é a nossa experiência com nosso pai biológico. Geralmente, transferimos a imagem que temos do nosso pai terreno para Deus. Se a imagem for positiva, há um ganho enorme em nossa aproximação do Pai ao longo da nossa jornada. 

Já, se for negativa, haverá bloqueios que precisam ser intencionalmente revistos para que haja liberdade na relação com Deus. Imaginamos que Deus também irá nos decepcionar, como foi na nossa experiência aqui na Terra, e a dúvida que nasce em nosso coração é: “será que posso confiar em Deus?”. “Eu confiei em quem disse que me amava e não deu certo”. 

 

A orfandade é a raiz de todos os males emocionais

Essa relação que fazemos entre o pai da Terra e o Pai Celeste pode causar um distanciamento, uma desconexão, que nos leva a pensar e a agir neste mundo como se estivéssemos sozinhos, mesmo não estando. Este é o fenômeno espiritual que denominamos espírito de orfandade. Ele é causado pelo próprio espírito do mal, o nosso inimigo Satanás. Ele trabalha insistentemente para nos afastar da casa do Pai Celestial, nosso lugar de direito através de Cristo Jesus. 

A orfandade promove sequelas na alma, é a raiz de todos os males emocionais. Quando ela não é tratada, surge a rejeição. A atmosfera de rejeição impede o acesso ao coração do Pai, por conta dos bloqueadores (abusos, traumas, nossas escolhas erradas, escolhas erradas de outros que recaíram sobre nós). Os bloqueadores produzem um vazio relacional que, por sua vez, tentamos compensar erroneamente com maus hábitos, religiosidade, desvio de sexualidade, compulsões, síndromes, e práticas escravizadoras. Essas compensações servem de válvula de escape para as dores e traumas emocionais. 

As compensações trazem consequências devastadoras, porque elas jamais poderão preencher o vazio relacional da alma. Na parábola, o filho perdido sofreu na carne as consequências da orfandade (Lucas 15:14-16). Na casa do pai ele não era dono de nada, mas tinha tudo; longe do pai ele se fez dono de tudo, mas ficou sem nada! A orfandade produz miséria, em todos os sentidos, miséria espiritual, física e emocional.  

Portanto, os bloqueadores impedem a paternidade de Deus de fluir sobre nossa vida. Eles seriam como grandes muros que nos impedem de ver, de enxergar, o que Deus tem para nós! O filho mais novo da parábola não estava enxergando quem ele era, até que caiu em si (Lucas 15:17). Quais têm sido os bloqueadores em sua vida? Estas histórias de dor, escolhas erradas, abusos, traumas, que Satanás usa para paralisar, já foram derrotadas na cruz. Diante das mentiras de Satanás, que dizem que “não tem jeito”, devemos continuar firmes e submissos a Deus (Tiago 4:7).

Sua decisão de ter Deus como Pai hoje depende muito mais de você do que de Deus, pois Ele já decidiu sobre isso. Se você confessar Jesus como Senhor em sua vida, e crer em seu coração, você receberá o poder de ser filho de Deus (João 1:12:13).

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