A palavra “superação” vem do latim “superatio“, que significa “elevar-se acima”, “sobressair”, “dominar”, “ultrapassar”. É uma palavra usada para descrever o esforço necessário para alcançar algo. Define uma mudança ao transformar a situação; é a recuperação, o ato de progredir, de ultrapassar um limite.
Com base nessa definição, podemos entender que superação é ir além do normal, daquilo que estamos acostumados, é romper limites, margens que nos prendem e confinam a um mesmismo. Fomos criados para progredir, prosperar, amadurecer, empreender, crescer e multiplicar (Mateus 5:48). Trata-se de aperfeiçoamento! Mas, ao entrar na raça humana, o pecado nos paralisou.
A vontade enfraquecida
O ser humano é o único capaz de dar comandos a si mesmo e exercer o autogoverno. É uma habilidade inata que está na parte do cérebro chamada neocórtex, ou córtex frontal. Satanás, sabendo disso, provoca o que chamamos de “vontade enfraquecida”. Ele promove circunstâncias que nos levam a tentativas frustradas, sequência de traumas, influências que contaminam o pensamento com falsos paradigmas e sentimentos negativos, etc. A vontade enfraquecida diz “eu não consigo”.
Todo cristão tem em seu interior uma fonte que jorra para a vida eterna (João 4:14). Mas nosso inimigo quer impedir que ela jorre. Ele até pode admitir que a fonte libere alguma água, mas não jorre, de maneira que não faça diferença alguma e nada mude em nosso interior e exterior. Se o único impedimento é o pecado, então a estratégia dele é promover a vontade enfraquecida para que não superemos o pecado!
O verdadeiro e o falso “eu”
Pecado é quebrar princípios, é andar segundo a natureza pecaminosa (vontade própria) que herdamos de Adão. Ela permanece em nós mesmo depois que a vontade de Deus entrou em nosso espírito na Pessoa do Espírito. Muitos cristãos dizem “eu não consigo!”. E um dos textos mais usados para justificar esse pensamento é (Romanos 7:18-20). Mas aqui Paulo não está propondo um conformismo. Ele está explicando o que ocorre em nosso interior entre o verdadeiro e o falso “eu”. O verdadeiro é o meu espírito, que agora foi unido ao Espírito de Deus. Eu não sou carne, sou espírito. E, se sou espírito (verdadeiro “eu”), a minha vontade é fazer o bem. No entanto, a vontade da minha carne é fazer o mal. Quando ele diz “não consigo fazer o que é bom” é sobre a carne, o falso eu!
O problema é que quando a carne toma o lugar, o querer de Deus não entra em operação. Quando alguém diz “eu não consigo” está usando a linguagem da carne, porque tem a vontade enfraquecida. Mas a linguagem do Espírito vem de uma mente renovada, da consciência de que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2).
Para superar o pecado é preciso, antes de tudo, superar a vontade enfraquecida! Algumas pessoas simplesmente se conformam com alguma área de pecado em sua vida e nada fazem para superá-lo argumentando que estão debaixo da graça, mas isso é um engano (Romanos 6:1-2). O princípio nunca vai mudar; o salário do pecado é a morte. Acalentar o pecado em nossa vida é caminho de morte!
Superação é esforço
Quem não supera o pecado não rompe, não progride, não cresce. O pecado tira a autoridade, a coragem para lutar. Pessoas cheias de potencial, ricas em dons, talentos, habilidades e recursos estão paralisadas por causa do pecado, afetadas pela vontade enfraquecida, e é isso que Satanás quer.
Não se pode esperar resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas. Se um filho de Deus quer crescer, ele precisa superar seus limites e limitações. O problema é que quando não consideramos limitações como pecado, achando que são apenas deficiências do nosso temperamento, não nos esforçamos para superá-lo! Jesus disse: "... Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Tomar a cruz é sobre se superar, se esforçar, não se conformar, não concordar com as limitações. Essa é a linguagem do Espírito! (I Coríntios 9:26-27).
Não basta chorar de arrependimento, é preciso dar fruto, ter atitude de arrependimento (Mateus 3:8). Um dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gálatas 5:23), que é liderar-se a si mesmo. Todo cristão é um líder, mas ninguém pode liderar se primeiro não se liderar. Essa autoliderança é tudo sobre superar o pecado, a vontade da carne. É não andar pelo sentimento, mas pela convicção. E essa convicção se fortalece dando ouvidos à voz de Deus, alimentando a vontade do verdadeiro eu!
Quando Caim deixou o seu coração se encher de rancor e corrompeu o seu coração, Deus falou diretamente com ele (Gênesis 4:6-7). Deus não decide por nós, Ele não impediu que Caim matasse seu irmão. Superar limites é conosco, não com Ele. Se quebrarmos princípios, Deus não vai fazer nada, vai deixar por nossa conta. Simples assim. Supere o pecado, você pode! O seu verdadeiro “eu” tem a força descomunal do Espírito para dizer não e agir de acordo. Amém!