O evangelho é simples. A Igreja é simples. Jesus sempre Se expressou de maneira simples, a fim de atingir o coração das pessoas. A mensagem do evangelho é para os simples e humildes (Mateus 11:25). A palavra “pequeninos” aqui é “nepios”, no grego, e significa “criança pequena”, “não instruído”, “inexperiente”. Qualquer pessoa pode ter entendimento dos ensinos de Jesus, porquanto a mensagem do evangelho se processa no espírito, e não no intelecto.
Precisamos voltar para as casas
Nos primeiros séculos, a Igreja se desenvolveu de maneira simples. Ela era um movimento do Espírito Santo. Não existiam prédios imponentes, catedrais, glamour ostentação, como se vê hoje. Certa vez, os discípulos de Jesus se aproximaram para Lhe mostrar as construções do templo de Jerusalém, mas Ele não demonstrou nenhuma admiração, pelo contrário, os alertou de que logo toda aquela estrutura física seria destruída, o que se cumpriu em 70 dC (Mateus 24:1-2). A destruição do templo foi um sinal profético de que a construção de pedra se tornaria obsoleta.
A simplicidade do movimento do Cristo só poderia ser experienciada no ambiente da família, da casa, do espaço com poucas pessoas, porque naquele tempo as casas não eram grandes. O contexto cultural foi um dos fatores determinantes para a simplicidade da Igreja, no entanto, não se trata de cultura, mas do princípio do evangelho; é sobre a maneira como a Igreja foi concebida. Se a cultura moderna tem nos afastado das casas, nós, que somos a contracultura, devemos provocar o movimento inverso.
Paulo falava do seu receio de que a Igreja fosse enganada e se desviasse da simplicidade (II Coríntios 11:3). A serpente sempre trabalhou para nos desviar do modelo bíblico. Infelizmente, a igreja moderna criou um ambiente muito sedutor, uma atmosfera propícia à busca de vanglória e destaque de muitos líderes, cujo padrão de realização ministerial são as grandes concentrações de multidões.
Os primeiros cristãos se reuniam prioritariamente nas casas (Atos 2:46). Não lhes ocorria construir catedrais, desperdiçar dinheiro com grandes estruturas. O foco estava nas pessoas, por isso a ênfase era o ambiente da casa. Paulo, por exemplo, fabricava tendas (Atos 18:3), no entanto nunca lhe ocorreu fabricar uma grande tenda para abrigar as multidões! O conceito de Igreja era totalmente diferente dos dias atuais.
Precisamos fazer um movimento de meia volta em direção à casa, ao ambiente da simplicidade. O mundo moderno está tirando as pessoas da casa. Os pais saem de casa e abandonam os filhos nas creches e escolas. Mas a Bíblia diz que aconteceria um movimento inverso nos últimos dias. Os pais se converteriam aos filhos e os filhos aos pais (Malaquias 4:6). É uma referência ao evangelho, ao movimento da contracultura. Não se trata apenas de filhos biológicos, mas de filhos espirituais.
Por que a casa é importante?
Nosso caráter é moldado. Quando estamos próximos uns dos outros, as máscaras caem e torna-se impossível esconder quem realmente somos. É na casa que os conflitos acontecem, e eles nos provam, revelam o nosso nível de espiritualidade (I Coríntios 11:19). Nossas ações impressionam, mas nossas reações revelam! É na intimidade que somos reativos, e isso nos expõe para sermos curados.
É muito fácil produzirmos coisas bem elaboradas e excelentes para impressionar. Podemos fazer cursos de oratória para falar bem, e cursos de Bíblia para dar boas aulas, no entanto, o caráter não é moldado numa sala de aula, é na casa; ele é forjado através dos atritos nos relacionamentos. Intimidade é sobre cruz. Foi na intimidade do cenáculo que Jesus lavou os pés de um traidor e liberou o Seu perdão (João 13).
Os pecados aparecem. Naamã era um homem muito importante, mas ficou leproso (II Reis 5:1). Provavelmente, por conta da sua posição, escondeu sua doença. No entanto, dentro de casa não dava para esconder; a menina que trabalhava em sua casa foi o seu instrumento de cura (II Reis 5:2-3). Os que fogem do ambiente da casa tendem a permanecer leprosos, porquanto a lepra é um símbolo do pecado!
É no ambiente da casa que cultivamos verdadeira comunhão (I João 1:7). Andar na luz é ter comunhão com Deus. Quem anda na luz é sincero, verdadeiro, transparente, não tem medo de se expor, confessa os seus pecados, e, assim, o sangue de Jesus, que purifica de todo pecado, entra em operação. Jesus disse que, quando a luz é colocada num lugar apropriado, ilumina a todos que estão na casa (Mateus 5:15).
Tudo começa na casa, porque não podemos manifestar fora o que não somos por dentro! Uma das maiores denúncias de Jesus foi a hipocrisia (Lucas 12:1). O que explica essa tendência de mostrarmos que estamos bem na foto? O desejo de ser aceito, importante, e respeitado.
A Bíblia diz que quando Paulo pregou o evangelho em Éfeso, muitos dos que creram confessavam publicamente seus pecados (Atos 19:18). Esse é o efeito do evangelho, e quem o recebe faz questão de se expor, a fim de pedir ajuda e amadurecer na fé.