Jesus nos enviou para também purificar os leprosos. Existem leprosos por toda a parte. Sim, não leprosos fisicamente, mas espirituais, porquanto hoje essa doença não é mais uma ameaça.

A lepra, também conhecida como hanseníase, é uma doença infecciosa crônica causada por uma bactéria, e afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Essa bactéria é transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias, como tosse ou espirro, de pessoas infectadas. Hoje a lepra tem cura e o tratamento é feito com antibióticos.

Nos tempos de Jesus, no entanto, era uma doença terrível, que não tinha cura. Os que contraíam a doença deviam ficar isolados em lugares chamados leprosários, para não contagiar outros. A lei mosaica exigia que os leprosos vivessem fora dos muros da cidade. Usavam um sino para alertar sobre a sua presença, e quando se aproximavam eram obrigados a anunciar sua condição gritando “impuro”. Por serem considerados impuros, não podiam participar das práticas religiosas e sociais da comunidade.

Ele quer purificar

Na Bíblia, a lepra simboliza o pecado, a corrupção, a impureza, a decadência moral, enfim, a maldade em todos os seus aspectos. O pecado gera separação, divisão, isolamento, uns com os outros e com Deus. Como a lepra era contagiosa, ninguém se aproximava ou tocava num leproso, mas Jesus demonstrou o Seu poder quando tocou num deles. Em vez de ser contagiado, o leproso é quem foi contagiado com a pureza que estava em Jesus: “Um leproso, aproximando-se, adorou-o de joelhos e disse: ‘Senhor, se
quiseres, podes purificar-me!’. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Quero. Seja purificado!’. Imediatamente ele foi purificado da lepra” (Mateus 8:2, 3).

A missão de Jesus é a mesma nossa, por isso Ele nos enviou. Ao ser abordado pelo leproso dizendo “se quiseres”, Ele disse “quero”. Ele quer purificar. Esta é a vontade de Deus! Esta é a nossa missão. O termo “purifiquem”, no contexto bíblico, “... é utilizado
para descrever o ato de limpar ou purificar tanto fisicamente, como metaforicamente, especialmente em relação à purificação espiritual e à remoção do pecado… Está associada ao perdão divino e à santificação daqueles que buscam viver em conformidade com os princípios divinos. É um termo que expressa a transformação e restauração de algo impuro para um estado de pureza e santidade” (Strong).

No entanto, não podemos purificar se estivermos contaminados. A pureza e a santidade de Jesus devem estar em nós, então vamos contagiar e não ser contagiados. Jesus disse: “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (Mateus 5:8). A
palavra “bem-aventurado”, no grego é makarios, que descreve aqueles que são considerados favorecidos ou abençoados por Deus. Ver a Deus é andar em comunhão com Ele, o que produz saúde na alma (emoções) e também no físico.

Assim como Jesus tocou no leproso, que era uma prática incomum, também nós devemos tocar nas pessoas. É sobre acolher, amar, se aproximar dos que estão doentes, a fim de contagiar com o evangelho da santidade, da pureza, da justiça e da retidão.

O orgulho esconde a lepra

A Bíblia conta a história de um homem muito importante, Naamã, que ficou leproso. Ele era o comandante do exército da Síria, um grande guerreiro, muito respeitado e honrado, porque por meio dele o Senhor dava vitória à Síria (II Reis 5:1). Ele não sabia que suas vitórias vinham do Senhor, pois nem O conhecia, afinal era inimigo de Israel. Pensava que fosse pela sua valentia e capacidade própria. A lepra é símbolo do pecado, e o pecado da raça humana é um só: o orgulho. Naamã estava orgulhoso da sua capacidade. A lepra de Naamã era um reflexo do seu coração orgulhoso.

Havia em sua casa uma menina que tinha sido levada como escrava de Israel (II Reis 5:2). Ela ficou sabendo da situação de Naamã. Naquela casa ela era apenas uma escrava, mas nas mãos de Deus uma agente para purificar leprosos! Ela deu a Naamã uma palavra de esperança (II Reis 5:3). Nem todos, como aquela menina, conseguem entender que Deus permite situações difíceis para cumprir um propósito maior! Ela não estava naquela casa por acaso, mas para conduzir Naamã à cura. O profeta Eliseu aqui é uma figura do próprio Jesus. A lepra não tinha cura, assim como o pecado não tem cura! Só Jesus pode purificar leprosos (perdoar pecados).

Ao chegar em Samaria, Eliseu mandou que Naamã tão somente mergulhasse sete vezes no rio Jordão (II Reis 5:9-10). Jordão é lugar de recomeço, é novo nascimento, lugar de arrependimento e batismo. Naamã num primeiro momento se recusou a mergulhar. Ele ficou indignado (II Reis 5:11-12). Para ele, era muita humilhação. A lepra era apenas uma materialização do seu pecado. Talvez Naamã tivesse que remover a roupa que o cobria e escondia a sua lepra. Esta é sempre a parte mais difícil - expor o pecado.

O mergulho no Jordão é um paralelo com o batismo, uma demonstração pública de que queremos ser purificados pela água da palavra. Para Naamã, era um grande desafio ao seu orgulho. Muitos continuam leprosos, porque não conseguem se humilhar. Porém, os seus servos lhe persuadiram dizendo: “Se o profeta lhe tivesse pedido alguma coisa difícil, o senhor não faria?” (II Reis 5:13). O que é difícil? Na verdade, é muito fácil receber a purificação dos pecados, o difícil é se humilhar, já que a raiz de todo o pecado é o
orgulho!

Deus usa os humildes

Mais uma vez ele foi convencido pelos servos. Uma menina, primeiramente, e agora os que estavam com ele (II Reis 5:14). Deus usa os Seus servos para falar. O Espírito Santo persuade os pecadores através de nós. Naamã era uma pessoa importante, do alto escalão na hierarquia do império Sírio. Mas Deus usou pessoas simples, humildes, servos, para conduzi-lo à cura.

A Bíblia diz que Deus usa as coisas loucas, fracas, insignificantes, desprezadas e as que nada são (I Coríntios 1:26-29). É porque nós mesmos não podemos purificar leprosos, mas o Cristo que está em nós sim. Liberte-se do sentimento de incapacidade e da autodepreciação. Se você está onde está é porque existem leprosos que precisam ser purificados.