SÉRIE: O MOVIMENTO DO CRISTO - 5. O ABRAÇO

(Mateus 20:1-16)
Publicado em 29/08/2025

Esta parábola enfatiza a graça de Deus sobre a humanidade. Mas a mensagem dela é perturbadora porque, do ponto de vista humano, a graça parece injusta. Os trabalhadores que foram trabalhar só às cinco da tarde receberam o mesmo salário dos que começaram de manhã cedo! Isso não parece coerente ou lógico.

Jesus estava Se referindo aos líderes religiosos e ao povo de Israel em geral. A lição a ser ensinada está no final da parábola: “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (v 16). O povo de Israel foi escolhido, chamado primeiro, e por isso se achavam melhores, ou que mereciam mais. Os líderes religiosos eram cheios de justiça própria, portanto, orgulhosos e arrogantes. Os trabalhadores chamados mais tarde seriam os não judeus, os gentios, como também pode se referir aos pobres e marginalizados pela sociedade. Jesus estava dizendo que estes seriam salvos tanto quanto aqueles, recebendo a mesma graça. 

A graça é somente para pecadores

Mas, por que essa parábola nos deixa inquietos? Por que temos a impressão de que aquele senhor era injusto? É porque temos uma natureza cheia de justiça própria. No fundo, sempre achamos que somos melhores do que os outros. Isso explica porque temos a fácil tendência de criticar, falar mal, julgar e condenar o nosso próximo. E é por isso que achamos que merecemos mais. Corremos atrás de recompensas e aprovação, e quando isso não acontece, ficamos aborrecidos.

Em nós existe um senso de justiça, com a qual julgamos os outros, mas não a nós mesmos. Somos justiceiros, mas Deus é perdoador e misericordioso. Para nós, é difícil assimilar a graça porque temos uma natureza pecadora e a de Deus é santa. A justiça dEle é diferente da nossa. Paulo diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9). A nossa salvação nada tem a ver com nossos méritos ou deméritos, ela é totalmente unilateral, de Deus para nós. Não há nada em nós que possa nos fazer merecê-la, porquanto nossa natureza pecadora é antagônica à santidade de Deus. Nada fizemos para merecer, pelo contrário, fizemos tudo para não merecer. 

O conceito de graça é um “favor imerecido”. É o mesmo que um presente de Deus que não merecemos, mas nos é dado pelo Seu amor misericordioso. Assim sendo, a primeira condição para que a graça se manifeste é a consciência de pecado. Só os pecadores é que podem receber a graça da salvação, pois quem não se vê como um pecador, não vê a necessidade desse presente. O pecador é aquele que nada tem para oferecer, porque reconhece que nele mesmo não há justiça. Jesus disse: “Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:32). Acontece que não há nenhum justo, o que há são pessoas que se acham justas. 

A graça é inclusiva 

Na parábola, aquele senhor que chamou os trabalhadores é a figura do próprio Deus. Ele chama a todos, mas não basta estar disponível, é preciso estar disposto e aceitar o chamado. A vinha é o próprio Reino de Deus, para o qual Ele nos chama a servir, como fez Jesus (Mateus 20:28). Fazer parte desse projeto é uma grande honra!

Aquele senhor chamou alguns na primeira hora do dia e eles concordaram em receber um denário. Um dendário era o salário de um dia, o justo a ser pago. Porém, continuou a chamar outros às nove da manhã, depois outros ao meio-dia, outros ele convidou às três da tarde e ainda outros às cinco. Quando terminou o expediente, às seis da tarde, começou pelos que trabalharam apenas uma hora pagando o mesmo valor, um denário a todos. Diante da revolta dos primeiros, respondeu: “Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” (v.15). Quem não entende a graça interpreta generosidade como injustiça!

O Senhor Jesus continua à procura, convidando aqueles que querem fazer parte de Seu projeto. Ainda há e sempre haverá lugar no Seu Reino. O Seu amor não se esgota. A oportunidade está sempre aberta. Nunca é tarde para recomeçar. Não importa qual a fase você se encontra (início, meio ou fim de sua vida), e também não importa o que você tenha feito ou não até aqui. 

Na parábola, aquele senhor não rejeitou os que estavam desocupados na praça o dia todo. Talvez, se fosse um de nós, tiraríamos conclusões precipitadas dizendo: “esses não querem nada com nada”, e não os chamaríamos! Mas Deus não age dessa maneira. Talvez você seja um desses, que se sente descartado e desvalorizado; no entanto, Deus está interessado em você. Ele acredita e aposta em todos. Ele nos abraça e recebe incondicionalmente, porque não veio para nos julgar, mas para salvar (João 3:17). Enfim, a graça valoriza e dá uma oportunidade a todos. Você só precisa dar uma resposta. 

Deus não tem preferidos. Todos os que foram chamados tiveram a mesma oportunidade e a mesma recompensa. Deus não tem filhos prediletos, não discrimina, não usa dois pesos e duas medidas. No Reino de Deus não existe sala VIP, lugares especiais ou pessoas mais importantes do que outras. Todos, mesmo sendo diferentes e fazendo coisas diferentes, têm o mesmo tratamento.

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