“... Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja” (I Coríntios 14:26).
Nos meses de fevereiro e março nossa ênfase estará no propósito “Adoração”. Iniciamos esta série de mensagens com uma das perguntas mais comuns hoje em dia: “Culto, para quê?”. Perguntas como esta há algum tempo atrás eram praticamente inexistentes! Quando alguém se tornava cristão, naturalmente passava a congregar em uma igreja e participar dos seus cultos. Mas, por conta do relativismo, que intoxicou o ambiente da sociedade moderna, tudo agora é questionável, inclusive ensinamentos e doutrinas já consolidadas desde o tempo dos primeiros apóstolos. A mente do homem pós-moderno é formatada para questionar todo paradigma de pensamento e problematizar, discutir, as práticas até aqui aplicadas. Não que isso seja ilegítimo; o problema é que, se as bases (princípios) são removidas, as discussões se tornam infrutíferas, pois nunca se chegará a lugar algum.
O que é culto?
O dicionário define como “conjunto de atitudes e ritos pelos quais se adora uma divindade”; “homenagem, de caráter religioso, ao que se considera divino ou sagrado”. Mas a Bíblia ensina que culto não é um simples ritual! O apóstolo Paulo escreve: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês” (Romanos 12:1). Culto é se oferecer a Deus como sacrifício vivo; implica numa atividade não meramente ritual, mas na participação do coração, da mente e da vontade no serviço obediente.
Deus não precisa de nós lá no céu, então, oferecer-se a Ele é se entregar às pessoas. Portanto, culto tem tudo a ver com gente, relacionamentos (vertical e horizontal). O amor a Deus (adoração) se expressa no amor às pessoas. O culto pessoal sempre vai desencadear no culto coletivo, no encontro com outras pessoas que têm os mesmos interesses. A Bíblia diz que a Igreja Primitiva se reunia com frequência - “Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” (Atos 2:46). Eles amavam estar juntos! Quando se reuniam, o Espírito Santo se manifestava através dos dons por meio de cada discípulo e todos eram edificados. Havia uma forte consciência de corpo, por isso uma forte consciência de culto! Cada um tem algo a acrescentar na edificação do todo (I Coríntios 14:26).
Que importância tem o culto?
Hoje vivemos dias de isolamento. As pessoas estão cada mais reclusas em suas casas. Os cursos EAD dispensam as aulas presenciais, o ambiente virtual permite que o funcionário trabalhe em sua própria casa, as compras on-line dispensam a ida ao mercado… A mentalidade coletiva está sendo amoldada à ideia de que a presença não é mais necessária. Por isso, muitos crentes estão desprezando os cultos, esse momento em que os irmãos se reúnem para expressar amor a Deus e ao próximo. Por não entenderem o que é culto, se dão por satisfeitas assistindo a uma pregação no Youtube!
Porém, a proposta do evangelho nunca vai mudar, porque as pessoas continuam iguais, mesmo em meio a tanta evolução. A tecnologia pode alcançar o mundo, mas nunca o coração. Relacionamentos virtuais jamais poderão substituir relacionamentos pessoais. As pessoas vão continuar precisando de abraço, toque, olhar, palavra, ouvidos, atenção pessoal... Fomos criados para amar e sermos amados.
Quando uma pessoa considera o culto de somenos importância, é sinal de entendimento limitado acerca do evangelho. O culto tem propósito. O autor aos Hebreus diz: “E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hebreus 1:25-26). Deixar de congregar é falta de consideração, não ao pastor, mas aos irmãos. Quando nos reunimos, o encorajamento mútuo cria uma atmosfera de fé e renova o ânimo para prosseguirmos em nossa missão e propósito de vida.
Congregar é uma disciplina, como qualquer outra. Toda disciplina implica em fidelidade. Quando alguém é infiel em congregar, prejudica todo o corpo. A pessoa inconstante na presença às reuniões está comunicando: “vocês não são importantes para mim, e eu não sou importante para vocês!”. Ela não falta à reunião, mas ao corpo, na vida de alguém. Alguém deixou de ser edificado! Fidelidade é constância, e constância implica em disciplina. Estar presente nas convocações e reuniões é uma questão de fidelidade e honra. Toda expressão de honra atrai o favor de Deus. Ele dá graça aos humildes, aos que têm senso de pertencimento, que admitem ter necessidades e serem necessários!